quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Saboreando o leitor: Entrevista com Bruna de Paula

Convidei a parceira Bruna de Paula para ser a entrevistada da semana. Antes mesmo de ler suas respostas, já imaginava que ela iria contribuir bastante com conteúdos para serem pensados e discutidos. Não deu outra. Bruna apontou lugares interessantes que o SF já esteve e publicou a respeito, outros que já foi, mas falta resenha no blog (feijoadinha do Noel); alguns que não não fomos, mas temos vontade de conhecer, e também um desconhecido até então para nós (Sintonia). Melhor que as dicas gastronômicas foram as opiniões finais, sobre estabelecimentos, a cidade e blogs.

Confira:





Nome: Bruna de Paula
Idade: 25 anos
Profissão: Jornalista

Escolha...
Doce ou salgado: Salgado

Prato preferido: Cada cozinha tem o seu valor, mas como boa gaúcha que sou, não posso negar que um churrasco bem assado é indispensável na dieta.

Uma bebida: No verão, cerveja. No inverno, vinho.

Sobre Floripa e região...
Um lugar para almoços do dia-a-dia: Almoço com bastante frequência no La Bohème, na Trindade. É um ótimo serviço de buffet. Pra mim, só fica atrás do Central, que é fora de mão pros meus almoços de todo dia.

Um lugar para café: Tenho frequentado bastante o Berinjela, na Trindade, que é perto de onde eu trabalho e tem um ambiente muito gostoso. Quando estou na Lagoa, onde eu moro, costumo ir ao Sintonia que, além de um bom café, tem um chai excelente.

Um restaurante para jantar: Depende da ocasião, da companhia, do bolso, do tipo de cozinha. Gosto muito da Spaghetteria Santo Antônio, que costuma manter um bom padrão, tem um bom serviço e um ambiente delicioso (com cara de "me sentindo em casa"). Com sorte dá pra conseguir uma mesa debaixo da pitangueira, que é linda de doer. Eles também têm boas opções de sobremesas.

Para ir a dois: gosto do clima do Bistrô do Jardim, e o cardápio enxuto traz preparações muito boas. Só fui no jantar, mas agora eles também estão servindo almoço a preços mais acessíveis.

Oriental: Sushi Yama. Se o bolso estiver mais apertado, o Sushi Roots da Barra é uma ótima opção.

Um bar: Sou do movimento contra bar de grife. Meu eleito ainda é o Canto do Noel, na Travessa Ratcliff, que já viveu dias melhores.

Pizzaria: gosto da Nave Mãe pela opção de massas integrais, da Vinil pela massa fina e pelo ambiente e da Basílico pela qualidade dos produtos.

Um lugar para beber e dançar: Dançar não é muito a minha praia, mas pra curtir um astral bom e ensaiar uns passinhos, vou de Casa de Noca, pra não errar - acompanhada de uma cervejinha.

O melhor restaurante é?
Na minha opinião não existe um melhor, em absoluto. Existem bons (e péssimos!) restaurantes em suas especialidades. O melhor restaurante é o que te deixa com vontade de sair contando pra todo mundo como foi a experiência.

Qual estabelecimento você indica para o SF conhecer?
Vai lá provar o almoço no Bistrô do Jardim pra gente, Pri!

O que faz você querer voltar a um bar/restaurante?
Padrão. Não há nada mais decepcionante do que voltar em busca daquela delícia provada na semana anterior e encontrar algo diferente. É um desafio difícil para os cozinheiros e donos de restaurantes, mas não pode deixar de ser perseguido.

Na sua opinião, falta alguma coisa no quesito gastronomia em Florianópolis?
Falta muita coisa, apesar do avanço nos últimos anos. Muitas coisas melhoraram, está acontecendo um movimento de profissionalização - ainda a passos pequenos. Talvez o que mais falte seja criatividade. Existe muita reprodução do que os grandes centros fazem, uma síndrome mundial de "atum selado com crosta de gergelim" e "purê de mandioquinha" que desvaloriza o trabalho de quem rala na cozinha. Mas como muitas vezes a imposição do mercado supera a criatividade, é difícil imaginarmos que esse cenário mude em breve, ainda mais em um lugar provinciano como Florianópolis. Outro ponto é a subvalorização dos produtos nossos, que poderiam resultar em coisas incríveis. Essa sim é uma tendência mundial que deveria ser imitada: a valorização do local. O tratamento que os restaurantes dão à ostra é um bom exemplo. Não existe nada (ou existem poucas coisas) além do trivial in natura, ao bafo e gratinada. Vejo um pouco de preguiça.

O que você gosta/gostaria de encontrar em um blog de gastronomia?
Existem inúmeros tipos de blogs de gastronomia. Existem os blogs de food experience, os blogs mais opinativos, os blogs de receitas. O meu transita entre food experience e opinião, que são as áreas que eu me arrisco. Mas acho que as possibilidades são infinitas e devem ser exploradas. Quanto mais conteúdo produzido, maior é a disseminação de conhecimento e mais democrático se torna o ato de sair pra comer. Essa é (ou deveria ser) a grande razão de ser de um blog sobre comida: a prestação de serviços. Acho muito boa a ideia dessa seção de entrevistas, por exemplo. É um espaço que pode criar um debate, uma troca de ideias.





Assim como Tatianna Ferraro, a entrevistada de hoje tocou em um ponto crucial: o padrão. Não há como negar, é uma enorme frustração quando retornamos a um estabelecimento que havíamos gostado e nos deparamos com grandes alterações, principalmente no sabor do prato. Concordo que deveria haver maior valorização dos produtos locais, que fique bem claro que não significa aumento nos preços, mas como Florianópolis possui variedade de frutos do mar, Bruna está certa, falta ousadia.

Obrigada, Bruna, por ter aceitado o convite e contribuído com o blog!

E vocês, o que vocês acham?

12 comentários:

  1. Gostei das opiniões dela. Até batem bastante com algumas minhas (principalmente na questão de churrasco, bar de grife e dança, hehe).

    Ótima entrevista!

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    1. Rafael, que bom que gostaste. Acrescentarias alguma coisa?

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    2. Eu acharia legal nessas entrevistas pedir para o entrevistado passar alguma receita que goste bastante (caso tenha uma, claro). E também acredito que possa ser útil uma pergunta sobre que lugar a pessoa não voltaria e o porquê - já que além de saber quais estabelecimentos na cidade valem a pena, é importante também saber quais não valem, por mais subjetivo que isso possa ser.

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    3. Muito bom, Rafael! Irei acrescentar nas próximas.
      Bjs

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  2. Concordo com ela sobre a falta de ousadia na preparação de pratos com produtos da nossa região! Concordo que é "um pouco de preguiça".

    Achei legal ela falar do La Bohème. Geralmente as pessoas entrevistadas falam do Central, hehe.

    Concordo com as pizzarias que ela disse, mas tenho algo pra falar sobre o Basílico. Uma vez fui lá, estávamos em 4 pessoas... a pizza estava boa e tal. Mas enfim, uma pessoa da mesa pediu uma garrafa de água com gás (diga-se de passagem que a garrafa era pequena)... tava com o copo cheio. A garçonete foi servir e caiu um tomate dentro do copo. Sabe o que foi feito? Foi trocado de copo somente. Ou seja, metade da bebida da garrafa foi desperdiçada e não foi trocada. Eu sei que provavelmente prejudicaria a garçonete, mas nada foi falado sobre isso. O erro foi dela e não da pessoa que fez o pedido, rsrs.
    Parece besteira, mas sei lá, esse é um dos motivos que faz eu não ir de novo lá. É bom e tudo o mais, mas ficou aquele porém.

    Beijo!

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    1. Ainda tenho que conhecer o almoço do La Bohème e reservar uma tarde para o Bistrô do Jardim. Para mim é difícil sair para almoçar durante a semana. Verdade, o Central foi citado pela Bruna e em quase todas as entrevistas! Eu gosto, mas não lembrava que era tão bom assim...
      Fiquei boquiaberta com o acontecimento na Basílico e entendo a vontade de não quereres voltar lá. Isso nunca poderia ter acontecido, despreparo total.

      Beijão!

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    2. Hehehe, se quiser vou contigo no La Bohème. Mas já adianto que é bem cheio, haha!

      Eu nunca fui no Central, sabia? Hahaha!
      Sim... não digo despreparo da garçonete ao deixar cair o tomate, isso acontece... mas do estabelecimento mesmo! Se eles descontam do funcionário, é complicado.

      Beijo!

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  3. Pri e Bru, amei a entrevista!

    A Bruna citou alguns dos meus preferidos, como o Bistrô do Jardim e o Sushiyama.

    beijos, garotas queridas!

    Gabi
    ;**

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  4. Direto ao ponto sem esquecer de nada, concordo com ela em gênero, número e grau

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  5. Arrasou nas respostas. Crítica na medida certa.
    beijos
    www.cafedasquatro.com

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  6. Muito bom os comentários da Bruna.
    Só algumas reflexões a mais. Será que seriam os restaurantes que não tem muita criatividade - acontece bastante - ou seria os clientes que não querem novidade e só escolhem os mesmos?
    Vendo os outros entrevistados, já podemos ter uma prévia da resposta.

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  7. Povo, que bom que gostaram da entrevista, fico bem feliz ;)

    Guilherme, vc tocou no ponto certo. É um dilema mesmo. Foi isso que eu quis dizer com "imposição do mercado" - acho que as pessoas, em geral, não estão abertas pra coisas novas e os donos de estabelecimentos acabam mudando o foco dos negócios, pra poderem se manter abertos. Acho que um bom caminho seria fazer um mix do tradicional com novidades, pra que aconteça uma "educação gastronômica" e as pessoas comecem a procurar e exigir produtos novos e de qualidade.

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